"O risco de ver tanques russos em Bruxelas é quase zero"

O líder da direita belga francófona, cujo partido é um dos pilares do governo, considera "histérico" querer aumentar os orçamentos de defesa dos países da OTAN para 5% do PIB, como exige Washington.

"É uma histeria coletiva pensar que precisamos chegar a 5%", declarou Georges-Louis Bouchez, presidente do Movimento Reformista (MR, liberal), em entrevista ao jornal Le Soir no sábado.

O governo liderado pelo conservador flamengo Bart De Wever está pronto para "fazer todos os esforços para atingir 2% na frente militar" (em comparação com 1,3% atualmente), acrescenta. Mas ir além disso exigirá a integração de "gastos como o combate ao narcotráfico, o fortalecimento da nossa polícia e do sistema judiciário" e "investimentos em segurança cibernética". "Atingir 5% em cinco anos é impossível para a Bélgica, ou teremos que interromper todas as nossas outras políticas", afirma. "Sejamos claros: o risco de tanques russos um dia estarem na Grand Place em Bruxelas é próximo de zero", afirma Georges-Louis Bouchez.

Na Bélgica, um país governado por coligações, é necessário um acordo entre todas as partes envolvidas a nível federal (atualmente cinco) antes de se defender uma posição comum de política externa num fórum internacional. Nesta fase, "não há acordo" sobre o nível de aumento dos gastos militares, segundo o presidente da RM, enquanto a questão será o ponto central da cimeira da NATO, convocada dentro de dez dias em Haia.

O Secretário-Geral da Aliança, Mark Rutte, propôs um valor global de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país-membro, mas na forma de um acréscimo de dois tipos de despesas. Isso envolveria elevar o nível de gastos militares, em sentido estrito, para 3,5% do PIB até 2032 e, ao mesmo tempo, para 1,5% do PIB todos aqueles relacionados à segurança no sentido mais amplo, como proteção de fronteiras, mobilidade militar ou mesmo cibersegurança. Por sua vez, os Estados Unidos de Donald Trump, avaliando que o Canadá e os países europeus não estão gastando o suficiente , exigem que um compromisso de 5% seja formalizado oficialmente na cúpula da OTAN em 24 e 25 de junho. Washington afirma que os 32 países-membros estão "muito próximos de um consenso" sobre esse valor.